28.10.09


Jogou-se ontem nova cartada primordial nas aspirações do Sporting, no que à Liga Sagres diz respeito. Com o atraso actual, qualquer jogo terá, de agora em diante, ‘carácter decisivo’…

Sem surpresas de maior, a equipa voltou a entrar mal montada (pela enésima vez!) e repetiu na 1ª parte as sofríveis exibições das últimas semanas, mostrando na 2ª parte um pouco do que se pode conseguir mudando algumas teimosias, e fazendo os jogadores jogarem para a equipa, e não contrário, como acontece com alguns.

Na minha humilde opinião, de quem nunca treinou equipa alguma de futebol, e mais não faz do que seguir o Sporting, as suas diferentes equipas treinadas por diferentes treinadores religiosamente há mais de 25 anos, os lapsos técnicos essenciais resumem-se a:

- fraco defesa direito, que só defende e pouco.
- inenarrável defesa esquerdo, que não ataca e não defende, e joga de charuto (?!?).
- Veloso é o pior trinco do campeonato: não defende, não recupera, pisa terrenos que desequilibram a equipa e não coloca NUNCA a bola jogável ao 10 (Matias).
- Moutinho já só rende a 6.
- Vuk perde-se colado à esquerda.
- Liedson não pode jogar longe da baliza.
- a equipa é permeável nos lances aéreos, muito por culpa da deficiente ajuda dos laterais.

O mais óbvio parece ser assumir por completo que o plantel não tem valia e que, posto isto, temos que comprar um defesa direito, outro esquerdo, um trinco, e eventualmente um interior esquerdo. Nada disso – seria mais uma vez deitar dinheiro fora, quando a solução está, quase toda, no plantel. E ontem, isso comprovou-se em 45 minutos.

Os próximos parágrafos poderão deixar a entender que a 2ª parte do Sporting foi óptima. Longe disso. Foi apenas o mínimo aceitável para uma equipa que, pretensamente, é candidata ao título.

Ao intervalo, depois de uma 1ª parte má de mais para ser descrita, Paulo Bento mudou Grimi por Pereirinha. A troca pode não parecer contundente, mas foi. Saiu o pior em campo, entrou um jogador rápido, fresco e que pressiona. A equipa ficou com o seu melhor defesa esquerdo a jogar a defesa esquerdo, e com Moutinho a trinco. Numa substituição, 3 boas alterações (eu, no lugar de PBento, teria feito entrar Adrien, colocaria Moutinho como interior esquerdo a fazer 2 no meio-campo, Veloso em todo o corredor, e Vuk como interior direito, mas eu não percebo nada disso).

Como que por milagre, o Sporting passou a ter bola (em especial Matias, que considero um óptimo valor!) e o adversário, mais pressionado, deixou de sair a jogar. Com o domínio do jogo, e com individualidades superiores começou a perceber-se que a equipa podia marcar. Embora tal acontecesse numa habilidade de Matias, com inteligência de Liedson, foi apenas o fruto das alterações (na altura já com Saleiro no lugar de Postiga, e este a deambular pelas faixas laterais, onde Vuk se tinha perdido…)

Os últimos 10 minutos são essencialmente reflexo de o Sporting não ter atacado o jogo desde início, e chegar ao final a vencer pela margem mínima – a que se acrescenta a motivação dos jogadores vitorianos, bem apoiados pelo seu público.
Com confiança e espírito de vitória, o Sporting teria feito mais golos, e não recuaria depois do golo.

A exibição global voltou a ser pobre, e o resultado não permitiu ganhar pontos, nem ao Braga. O título é ainda mais uma miragem, mas já pouco importa. Ganhar uma equipa este ano já seria muito bom. Mas com estes mesmos jogadores, é possível fazer MUITO mais. Não tenho dúvidas.



Antes de terminar, não posso deixar de dedicar um parágrafo ao nosso novel Presidente. Desde que, aquando da nomeação de Duarte Gomes para o Dragão, e consequente achincalhamento por parte do mesmo, se referiu ao abuso dizendo que tinha confiança na competência de Vítor Pereira que considero que o Sporting tem as arbitragens que pede e merece.

Sem coincidências, os voos planados transformados em penalty serão sempre os de Aimar e Saviola, e as cotoveladas e pontapés que passam impunes, os de Bruno Alves. Para nós restam arbitragens como a de ontem – um golo mal anulado a Caicedo, um mergulho de Alves que todos os comentadores dão por penalty, porque houve contacto, não interessando se o jogador vitoriano já ia em queda ou não, e um milhar de faltas, sempre para o mesmo lado, sempre bem perto da área, para testar a maior fraqueza do Sporting.
Sr. Presidente, continue a ser bonzinho para com Vitor Pereira e com os árbitros, que eles bem o merecem.


23.10.09

Comecemos pelo essencial:

- 3 jogos, 3 vitórias, 9 pontos
- 7 jogos sem perder na Europa (recorde)
- qualificação quase garantida

O Sporting deu ontem substancial passo na qualificação para a próxima fase da Liga Europa, bastando agora uma vitória caseira frente ao modestíssimo Ventsplis para carimbar o apuramento.
Não menos importante, o Sporting poderá poupar os seus principais jogadores nas 2 jornadas seguintes, uma delas incluindo uma viagem a Alemanha, já no mês de Dezembro.

Inevitavelmente, o acessório:

Voltamos a fazer um jogo miserabilista, fugindo à mediocridade apenas durante os primeiros 25 minutos da 1ª parte, onde não conseguimos marcar um 2º golo que poderia tranquilizar a equipa.
A forma como a equipa se arrastou durante meia hora na 2ª parte, sem ideias, sem capacidade de articular uma única jogada, chega a fazer confusão, se pensarmos que a equipa técnica está há 4 anos no clube, e o 11 inicial contou apenas com 2 reforços, sendo um deles (Matias) dos poucos que procura jogar a bola de pé para pé, trocando-a rapidamente, perante o deserto de ideias dos restantes companheiros.

A equipa continua a ressentir-se da ausência ofensiva dos laterais (que mesmo assim são buracos a defender, em especial Grimi, que parece estar a jogar num clube amador, e já deterá certamente o record de charutos/jogo), da indisciplina táctica de Veloso (que nunca será um bom trinco, custe o que custar…) da má forma evidente de João Moutinho (perante a insistência de PB em o colocar a jogar em todo o lado!), de um Vuk preso à linha (quando joga no miolo, solto, a música é logo outra…), de um Matias incapaz de pegar no jogo da equipa (porque o resto do meio campo simplesmente o ignora) e de Liedson demasiado longe da zona de remate.
Ontem, a tudo isto juntou-se uma paragem cerebral de Tonel.
Para juntar ao pagode, PB tentou ‘virar’ o jogo com Ângulo, que simplesmente não chega a mexer-se (o último lance do jogo é bem ilustrativo do que vale o espanhol!).


Terça-feira vamos jogar a Guimarães. Chegaremos lá com 11 pontos de atraso para o Carnide, 8 para o Porto e provavelmente 13 para o Braga. Tudo que não seja um vitória, de preferência clara, será o terminar de uma época ainda em Outubro (porque segundo PB, o principal objectivo continua a ser a Liga Sagres).
Pelo menos ate 3f poderemos rejubilar com a liderança na Liga Europa. Depois, a ver vamos…
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20.10.09

Por sorte

Vivemos tempos estranhos no Sporting Clube de Portugal. Nunca como agora existiram opiniões tão diametralmente opostas em relação à equipa técnica como nos dias que correm, e as minhas memórias lúcidas já percorrem 25 de história.

É indiscutível que nos últimos 25 anos houve treinadores que não tiveram tempo para explanar as suas qualidades em Alvalade, e o maior dos exemplos terá sido mesmo Sir Bobby Robson (o exercício vale o que vale, pois o treinador poderia nunca ter conseguido qualquer título, mas como os conseguiu num rival, fica sempre aquele travo amargo…).

Muitos dos treinadores do Sporting pós-‘Big’ Malcom Alisson tiveram pouco tempo, na maioria dos casos pouca matéria-prima (aqui excluo definitivamente Carlos Queiroz) e quase sempre 2 adversários de peso nas competições nacionais. O surgimento nacional do FCPorto como o clube com óbvio domínio, e a manutenção do Benfica como clube de topo.

Há 15 anos surgiu do outro lado da 2ª circular Artur Jorge, que acabaria por conseguir coisas bonitas – colocou o clube encarnado na mediocridade banal, e abriu caminho aos piores 10 anos do (ainda) clube mais titulado do país. Sem precedentes, nos últimos 15 anos o Benfica conseguiu menos títulos que o Sporting, e tantos como o Boavista. Sintomático.
Embora o Porto dominasse a seu bel-prazer o panorama nacional, foi perante a mediocridade alheia que o Sporting ressurgiu. Com os tão badalados 2ºs lugares a equipa voltou à Champions League (à altura ainda recente competição…) e muitas vezes foi o principal adversário do Porto.

A 14 de Maio de 2000, o Sporting conseguiu mesmo quebrar o longo jejum que se arrastava desde 82, com um plantel simples, retocado cirurgicamente no natal, e com um 11 de garra, e um GR que impunha respeito a tudo e a todos. O penta azul, e Jardel apenas adornaram ainda mais o significado do título.

Pouco depois o Sporting ‘perdeu’ a cabeça e reforçou-se (arrisco a dizê-lo) da forma mais agressiva de que tenho memória (mesmo sem o mediatismo das ‘unhas’ de JGonçalves) e trouxe para as suas fileiras nomes consagrados como João Pinto, Dimas, Rui Bento, Sá Pinto e Paulo Bento. Seria o início do rumo a um título em que pela 1ª vez em muitos anos o Sporting jogava bom futebol, possuía os melhores jogadores e era o ataque mais produtivo. O slogan ‘Só eu sei porque não fico em casa’ encaixava na perfeição.

O efeito Jardel, e a incapacidade posterior deitaram por terra uma assinalável recuperação no clube, que neste trajecto foi pioneira nas SAD’s, nas Academias e nos novos estádios. O topo foi indiscutivelmente atingido em 2002, e daí para cá, tudo vem piorando.

Nos dias de hoje quase pode dividir-se entre os que apoiam cegamente Paulo Bento, e os que o consideram como parte óbvia e mais visível do problema.
Desde o início da época que temos vindo a assistir a um descair da balança contra o actual treinador, muito por culpa das exibições e resultados, mas na realidade, o projecto Sporting parece só fazer sentido com Paulo Bento.

Ainda hoje li, e fiquei boquiaberto, um artigo de opinião em que o treinador do Sporting era considerado como a melhor opção para o perfil de treinador do Sporting – segundo o próprio, o Sporting precisa de um treinador que seja barato (!?!), que não reclame das não-contratações, e que aceite trabalhar com as mesmas caras a cada ano que passa. (É fácil concluir que o jornalista não é adepto do nosso clube!)

Ao contrário de muitos, sou sensível à situação financeira em que o clube se encontra. Compreendo que não se contratem grandes estrelas. Percebo até que no final da temporada o Sporting possa não vencer a SuperLiga, ou até não conseguir repetir o 2º lugar da última época.

Como muitos sou incapaz de me contentar com um futebol moribundo, um constante enxovalhar da qualidade do nosso plantel, um discurso de coitadinho perante tudo e todos, e um sacudir de responsabilidades, de ponta a ponta, por parte de todos os protagonistas, do treinador aos jogadores, de dirigentes ao próprio Presidente.

Depois da arma de arremesso ‘Orçamento’, e muito por culpa do Sporting de Braga, o discurso transformou-se num ‘Deixem trabalhar a equipa técnica e dêem tempo ao tempo!’. Mas em tempo algum PB foi impedido de trabalhar em paz? Houve na história recente do clube algum treinador tão bajulado? Houve algum treinador com o poder que PB tem actualmente no clube?

Mais do que deixar trabalhar, ou dar tempo ao tempo, aquilo que estão a pedir aos sportinguistas é que estejam em silêncio, que não critiquem o que quer que seja, mas que continuem a fazer-se sócios, a pagar cotas, a comprar gameboxes (se possível também para as modalidades…) e a ir ao estádio. Se puderem, tragam todos um amigo, e que este traga a família. E que comprem a cada jogo uma nova camisola, um avental, um relógio e um peluche. Se puderem, peçam um autógrafo ao Treinador, para dar moral, e tirem uma foto com o Miguel, para ele se sentir acarinhado.

4 anos depois, com o futebol a perder qualidade a cada jogo que passa, teimam em querer fazer-nos acreditar que uma das faces do problema não é o treinador. E que não é o director do futebol. E que não é o de marketing, tão pouco o responsável de imprensa, ou alguém com qualquer responsabilidade no clube.

Os problemas do Sporting são vários, segundo consta. É a relva, ou falta dela, o orçamento (que no caso do Braga inexplicavelmente não se põe), os adeptos que assobiam (imerecidamente!) o Ângulo, os árbitros que não nos assinalam vários penalties por jogo, o Vítor Pereira que nem parece do Sporting, um sócio com responsabilidades que teve mau perder e entregou o cartão de sócio, uma ou outra face da oposição que teima em desestabilizar, e principalmente o Izmailov, que não recupera de forma a aumentar as soluções do treinador.

Para agravar, os outros clubes desta vez não são todos suficientemente maus para disfarçarem a nossa mediocridade, e há, imagine-se o abuso, clubes em Portugal com fracos jogadores, pouco dinheiro e treinadores banais, a praticarem bom futebol.

Por sorte Paulo Bento resiste e continua a fazer-nos o favor de continuar a treinar o clube. Por sorte, Miguel Veloso voltou a gostar de jogar pelo Sporting. Por sorte, Pedro Barbosa está disponível para continuar o bom trabalho.

Por sorte JEB continua a preferir o Sporting ao Santander, e embora não seja fácil, todos os dias acorda com vontade de continuar a ser Presidente.

Pena que um dia a sorte muda.
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19.10.09

Taça de Portugal

Poucos dias depois de uma vitória estrondosa na aprovação do plano de reestruturação financeira, o Sporting, no que a futebol jogado diz respeito, voltou à mediania que nos tem apresentado desde o início da época.

Desta vez o adversário era o frágil Penafiel, pior defesa da Liga Vitalis. O Sporting entrou em campo de tal forma temerário, que dada a similitude das camisolas, mais parecia ir defrontar o Milan. De temerário a ineficiente, nervoso e incapaz foi um pequeno passo, disfarçado em 45minutos por um remate à trave, em livre directo de Veloso, que o GR adversário tentou deixar entrar, e numa arrancada de Saleiro, que na cara do GR rematou ligeiramente ao lado, na única iniciativa digna desse nome.

Para a 2ª parte Paulo Bento optou por jogar com 10 (entrando Adrien para o lugar do inexistente Grimi), e o Sporting foi ganhando ascendente. Mesmo assim, só num erro infantil de um defesa contrário o destino veio ter com o Levezinho, que como é habitual, resolveu.

Pouco depois, em nova insistência de Liedson, um corte com o braço deu penalty, e Moutinho teve a possibilidade de mostrar que já é um especialista, rematando de forma indefensável, a beijar a barra.

Até final ainda se pode ver a eficácia de Vukcevic como avançado centro, bem diferente da produção que obtém com as amarras à linha esquerda. O Sporting acabou o jogo com 11, depois da entrada de Pereirinha.

Num final de um jogo que se vence por 3-0, sem que o GR adversário faça uma sequer defesa, torna-se penoso avaliar individualmente a equipa. O GR e os defesas centrais cumpriram sem comprometer, e os laterais esqueceram-se de jogar, como vem sendo hábito. Se Abel não atacou mas também não teve problemas a defender, já Grimi raramente passa o meio-campo, e quando o faz sai disparate, e a defender é um buraco monumental. Jogasse eu com o pé esquerdo, ainda arriscaria uma dieta e uns treinos de captação…
No meio campo voltou a ser óbvias as limitações defensivas de Veloso (para quando um trinco para a equipa do Sporting?), e a má forma do capitão, quase sempre perdido pelo relvado, entre quedas e cobranças anedóticas de tudo quanto é bola parada. Nas alas, o ‘prisioneiro’ Vuk, e o incrível Ângulo estiveram ao nível do relvado.
Na frente o esforçado Saleiro partilhou o ataque com Liedson, que embora alheado do jogo, está sempre no sítio certo à hora certa, e não perdoa – resolve.
A entrada de Pereirinha foi a demonstração de que Paulo Bento também aposta em jovens formados no clube sempre que a alternativa é Ângulo, e a de Pedro Silva deixou-me a pensar que ainda não será desta que Veloso deriva definitivamente para a esquerda da defesa. Até quando?

No final do jogo ficamos a saber que uma das causas do problema (ao contrário de Presidente, Director Desportivo, e Treinador) é o relvado. É-o há 4 anos, mas só ontem isso pareceu tema.

Os meus parabéns aos indefectíveis 14.500 adeptos, que se disponibilizaram a mais uma exibição de encher o olho.

E assim continuamos em 4 frentes.
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14.10.09

Passado, Presente e Futuro

Assistimos ontem a um dia decisivo na história do nosso clube. Ao contrário do que seria de esperar de um dia histórico, não se tratou da conquista de um título, tão pouco de uma memorável vitória. Aprovou-se ‘apenas’ (mais) uma reestruturação financeira, que, na opinião de 74% dos sócios votantes, permitirá ao Sporting Clube de Portugal, ou à Sporting SAD, poder ombrear com os 2 mais directos rivais na conquista dos títulos nacionais.



Passado
Há mais de 25 anos que o futebol do Sporting anda à deriva. Causas? Culpados? Como é hábito em Portugal, e o Sporting nisto não consegue ser diferente, a culpa morrerá solteira, ou na melhor das hipóteses, envolveremos todos os culpados num vasto saco, que na prática é o mesmo que não culpar ninguém.
Indiscutível será a constatação de que depois de João Rocha, o Sporting não soube nunca mais eleger um Presidente que percebesse de futebol o suficiente para levar o Clube a assumir uma estratégia que honrasse os pergaminhos (e títulos) conseguidos até 1982.
Uma evidência estatística mostra que até 1982 o Sporting Clube de Portugal venceu 34% dos campeonatos nacionais de futebol, e depois disso, apenas 7%. Mesmo tendo em conta que após 82 apareceu um rival nortenho, as vitórias do Sporting diminuíram 5 vezes.
Em 1995, José Roquette lançou o Sporting numa aventura (a SAD) que prometia tudo – independência económica, novo Estádio, Academia, e sobretudo títulos.

Presente
Chegados a 2009, 14 anos depois do passo visionário de Roquette, o Sporting debateu em Assembleia Geral uma proposta colocada como absolutamente necessária – em traços gerais, o SCP terá que abrir mão da SCS para a SAD e promover VMOC’s, para poder contornar a asfixia de juros que o actual plano contempla, e aumentar a disponibilidade financeira para contratações e pagamento de salários no futebol profissional. De uma forma menos técnica, vamos arrepiar caminho (a troco de peso nas decisões e em último caso património) para sermos competitivos para com os rivais. A proposta foi aceite por 74% dos sócios votantes.

Futuro
Sensivelmente 4 meses depois de chegar à Presidência do Sporting Clube de Portugal, com uma meritória votação de 90%, José Eduardo Bettencourt conseguiu a aprovação do ‘seu’ plano de reestruturação financeira, e, segundo palavras do próprio, poderá agora passar a competir com armas semelhantes aos rivais, pelas conquistas das competições nacionais.
Ao contrário do que foi apregoado, conseguiu-se ontem apenas uma parte das condições que poderão permitir a JEB alcançar sucesso à frente do Clube.
Baseado nas mesmas palavras ainda frescas do Presidente, os notáveis que rondam o Sporting há anos a fio, continuam no mesmo sítio. O responsável pelo futebol é o mesmo. O director desportivo é o mesmo. O treinador de futebol e restante equipa técnica mantém-se. O plantel é constituído pelos mesmos jogadores.
Não vejo, objectivamente condições para melhorias no imediato, e surpreender-me-ia se tais ocorressem. Estou receoso que o novo entendimento com a Banca não promova mais bolas efectivamente dentro das balizas contrárias.

O Sporting precisa de uma vassourada para com o passado recente. Precisa de analisar os erros cometidos, e não voltar a repeti-los. Precisa de afastar os abutres nauseabundos que pairam sobre a estrutura. Precisa de um cenário de exigência extrema, independentemente das políticas e orçamentos dos adversários. Precisa de bom futebol, que leve os entusiastas ao estádio. Precisa de valorizar os seus jogadores. Precisa de mais sócios. Precisa de mais adeptos.
Caro JEB, tudo isto não se fará com mais 3 ou 4 milhões de euros anos, que são gastos num fisgar de olhos. Far-se-á com uma ruptura total com a mediocridade instalada.

Como associado, adepto e sobretudo apaixonado, peço-lhe que não desperdice a (última?) oportunidade que ontem os sócios, confiando, lhe ofereceram.


9.10.09


…e a caravana passa!

Vítor Pereira teceu ontem considerações sobre a nomeação de Duarte Gomes para o clássico Porto-SportingCP do Dragão, mesmo tendo recusado comentar o nível da arbitragem do mesmo.

«Essa foi uma das 240 nomeações que fazemos para os jogos da Liga. São dois clubes importantes no nosso cenário desportivo e fizemos a nomeação que, naquele momento e perante as circunstâncias, nos pareceu que podia oferecer melhores condições de corresponder à natureza do jogo».

In Antena 1

Continuamos a ser a chacota da arbitragem portuguesa. Como se a decisão do caso Ricardo Peres/Duarte Gomes já não fosse ofensiva, e a nomeação do mesmo para o clássico uma afronta, Vítor Pereira continua a sua cruzada.

E o que faz o Sporting? Nada. Provavelmente Vítor Pereira também não faz parte do problema, mas sim da solução.





8.10.09

Habemus treinador

Como era esperado, a tão propalada reunião do Conselho Leonino redundou numa redobrada confiança no actual treinador da equipa sénior do Sporting.

Bem ou mal, Paulo Bento continua forever, e mais do que isso, José Eduardo Bettencourt pediu a todos os simpatizantes do clube para darem o seu apoio incondicional ao actual treinador.

Partindo-se do pressuposto que a reunião serviu para identificar as razões do actual estado do futebol do Sporting, hoje é já possível concluir uma de duas coisas – ou Paulo Bento não tem qualquer responsabilidade pelo futebol apresentado, ou JEB não vê noutro treinador melhores características ou capacidades para melhorar a situação.

Como simpatizante (e adepto, e sócio!) admito que as declarações do Presidente do meu clube me foram parcas.
Se Paulo Bento não tem responsabilidades pelo actual momento, JEB deveria assumi-lo sem rodeios, e logo de seguida explicar cabalmente porque razão (ou por culpa de quem!) é que o Sporting, em 3 jogos particulares e 12 oficiais não fez uma única exibição positiva, e não saiu vitorioso em 66% das vezes. Os sócios têm curiosidade em saber se é por causa do sistema, dos árbitros, de Vítor Pereira, do relvado, da imaturidade dos jogadores, da falta de qualidade do plantel, dos problemas financeiros que dificultaram contratações, do departamento médico, da ausência de Izmailov, da chuva e do frio, etc.

Se JEB considera Paulo Bento a melhor solução para o futebol do Sporting (como consideram os opinion makers de visibilidade televisiva!) deveria voltar a explicar porquê,
A justificação mais ouvida nas últimas semanas prende-se como a analogia simplória “sem ovos não se fazem omoletas!”.
Recordo que no Sporting jogam 4 actuais internacionais portugueses (Patrício, Veloso, Moutinho e Liedson), mais 5 jogadores que já foram internacionais (Abel, Tonel, Caneira, Postiga e Yannick) 5 internacionais de escalões jovens (Carriço, Marques, Adrien, Pereirinha e Saleiro)e mais 4 internacionais de outras selecções (Matias, Caicedo, Vukcevic e Stoijkovic).


“José Eduardo Bettencourt não se sentou e cruzou os braços à espera que a situação do Sporting mude. E, nesse sentido, o presidente, logo na terça-feira, quis saber tudo, ponto por ponto, área por área, e com a máxima profundidade, tanto em relação ao futebol de formação, como ao futebol profissional, da mesma forma que se informou acerca da área médica.”

In A Bola

Ao ver este tipo de conclusões na imprensa escrita fico apreensivo. Ou quem escreveu acha que só depois de 2ªfeira o Sporting precisou que a sua situação mudasse, ou quem escreveu quer dar a ideia de que até domingo JEB não estava preocupado com a situação. No primeiro caso o jornalista é mau e devia pensar em seguir jardinagem, no segundo caso é estúpido como uma porta, e acha que os outros dormem. E não sei o que me preocupa mais.


6.10.09

JEB dixit

O domingo passado foi ‘incendiado’ com a revelação de declarações do Presidente do Sporting, José Eduardo Bettencourt (JEB).
Embora a maior parte dos adeptos e associados as tenham lido depois do empate cedido frente ao Belenenses, elas foram proferidas antes do mesmo.

“O fundo de investimento do Benfica é uma vergonha, em que se avaliam jogadores como o Javi García em 17 milhões de euros e juniores que ninguém conhece em 5 milhões. Com metade do orçamento ficámos quatro anos à frente do Benfica. Com muito menos dinheiro investido, com muitas menos condições, conseguimos sempre ficar à frente de uma equipa que investe muito no seu plantel, todos os anos. Temos metade do orçamento dos nossos rivais mas, continuamos de cara lavada e com a nossa dignidade intacta”

JEB, in Record

JEB comete um conjunto de erros assinaláveis, em duas dúzias de segundos, num discurso que nem preparado pelo Rui Santos sairia pior:
- cataloga erradamente um produto financeiro aprovado pela CMVM
- reincide no discurso medíocre de que basta ficar à frente do benfica para termos uma época positiva
- esquece-se de completar a última frase com “… continuamos de cara lavada e com a nossa dignidade intacta, mesmo que para isso tenhamos abdicado nos últimos 4 anos de querer ganhar títulos, e agora sequer jogar um futebol apetecível…

O que me leva a escrever estas linhas não é o discurso de JEB como um todo, muito menos a sua errada linha de orientação, mas tão somente uma reflexão sobre o produto financeiro que o benfica constituiu em ‘parceria com o BES’ e do qual é, obviamente, o principal beneficiado.

Voltando uma dezena de anos atrás, verificamos que os fundos de investimento de jogadores de futebol não são caso virgem no nosso país. Pasme-se, o próprio Sporting já teve um, e dele fez parte o seu jogador mais mediático da última década – Cristiano Ronaldo. E JEB já por lá andava.

Embora me pareça que JEB sabia bem o que queria dizer, mas não se soube exprimir, a realidade é que os argumentos utilizados mostram apenas que JEB não se dedicou sequer a recordar o fundo de jogadores do Sporting, e a tirar dele as conclusões necessárias – algo que provavelmente a equipa de analistas do BES fez.

Recordando o nosso exemplo, que contou com conhecidos nomes como Ronaldo, Jardel, Viana, Niculae ou Custódio é curioso verificar que os únicos negócios realmente lucrativos para o fundo de investimento foram conseguidos através das participações parciais em passes de jovens jogadores que estavam longe de serem certezas. No cenário inverso, o fundo foi incapaz de retornar o investimento feito noutros jogadores, como Jardel, e em especial Niculae, que 4 anos depois de assinar pelo Sporting saiu a custo zero do clube, originando uma perda de 100% ao fundo de investimento.
Sob esta perspectiva, talvez sejam no futuro ‘os juniores que ninguém conhece’ que venham a salvar este fundo de investimento cujo passado mostrou ser de risco elevado.

A ideia de criar um fundo de investimento é, à partida, óptima para o clube que o consegue. E digo óptima, porque necessita de confirmação através dos valores atribuídos aos passes dos jogadores, mas à priori, será sempre positiva. No exemplo do Benfica, o clube arrecadou mais de 22M€, que, por exemplo, pagou toda a época de contratações, e permitiu ao clube encontrar valores que venham num futuro próximo a sustentar o crescimento dos jovens de tenra idade.

Aquilo que deveria preocupar JEB é a incapacidade de o Sporting, detentor da melhor Academia de talentos do país, e clube consecutivamente representado maioritariamente em selecções jovens (agora até em selecções estrangeiras…), conseguir cativar uma instituição financeira a fazer o mesmo com os seus jovens talentos, por forma a criar as tais ‘receitas extraordinárias’ que o clube é incapaz de gerar de outra forma.

Se isto acontecesse, talvez todos pudéssemos deixar de ouvir o discurso miserabilista de que estamos no caminho certo, do saneamento financeiro, do equilíbrio orçamental, quando na pratica, esse discurso apenas desvaloriza os erros de treinador, jogadores e direcção, e mantém o Sporting impedido de lutar por reais objectivos que sejam dignos da História do clube, dos quais é principal exemplo a Liga Sagres.


5.10.09

Tinham já passado 3 dias, mas quem assistia aos primeiros minutos do desafio frente ao Belenenses terá ficado com a impressão quem apenas tinham passado 10 minutos de novo intervalo sobre a exibição miserabilista frente ao Hertha, e que mais não se iria assistir do que a uma terceira e quarta parte do repasto disponibilizado a meio da semana.

Perante um apoio (surpreendentemente) incondicional das claques, a equipa voltou a evoluir perante uma rigidez táctica assinalável, sem qualquer tipo de novidade, e banhada pela má forma de vários intérpretes, o desajuste posicional de alguns, e, acima de tudo, pela falta de qualidade de outros.

Perante uma acalmia que faria pensar que a equipa já entrara a ganhar por 3-0, o adversário, sem nunca ‘esticar a manta’ em demasia, foi preenchendo os espaços, e fazendo o seu papel.
Em 45 minutos o principal momento foi protagonizado por Beto, que em jogada individual isolou com mestria Hélder Postiga, que sem surpresa, e perfeitamente isolado não conseguiu agradecer a oferenda.

Para o 2º (ou 4º) tempo, a equipa voltou a entrar a passo, quiçá a ressentir-se do esforço estóico que tinha proporcionado dias antes. Tardaram 12 minutos as substituições, apenas mais 2 detalhes de impotência. Entraram Pereirinha, para jogar sobre brasas, e Yannick, desconcertante como sempre. Pouco depois entraria Caicedo, que mexeu com a equipa, trouxe velocidade, entrega, mas que acabaria por desperdiçar a sua melhor ocasião, tentando driblar o GR contrário.
Até final uma equipa aos soluços foi incapaz de encostar um frágil Belenenses às cordas, e o empate, mais mão na bola, menos bola na mão, acaba por ajustar-se, pelo menos ao que o Sporting produziu em campo.

Já depois do jogo terminar, alguns dos intérpretes teimam em recorrer a subterfúgios para procurar justificar o injustificável, como que querendo anestesiar os adeptos mais uns dias, ganhando novo fôlego para nova partida, que terá inevitavelmente o mesmo final, pois no essencial nada tem mudado.

No final do encontro assisti, ainda na bancada a tristes episódios. Confesso-o, sou incapaz de assobiar o meu clube no estádio, seja com que resultado for. Já estive ‘no limite’ várias vezes, e assim dificilmente esquecerei o nome Gençlerbirligi - logo não seria um simples e expectável empate frente ao Belenenses que me faria transpor o risco. Mas honestamente, também não percebo o que pretende a franja de adeptos que, no final de uma exibição destas e na sequência de outras doze, batem palmas e se insurgem contra os descontentes, mandando-os ficar em casa…

Em jeito de balanço, o Sporting está a 10 pontos do 1º classificado, decorridas que estão 7 jornadas (!?!). Bem sei que os resultados têm sido todos normais, mas não começarão a estar normais de mais?


2.10.09

No 1º jogo em casa para a nova Liga Europa, as expectativas eram altas. A equipa tinha-se apresentado em nível satisfatório no Dragão, sentiu-se a revolta para com a cobardia do senhor Pereira, e esperava-se uma resposta convincente, frente a um adversário muito pobre, atolado numa crise latente, à qual o seu treinador suíço Favre não conseguiu resistir.

A equipa operou algumas mudanças, com a entrada de Adrien para o miolo, e consequente passagem de Veloso para a esquerda, e com a entrada de Caicedo para a frente de ataque. Nas alas, PBento não parece ter gostado da experiência de Vukcevic na direita, e voltou ao esquema habitual, com o sucesso esperado…

Para aumentar a expectativa, Polga, o mais criticado dos jogadores nos últimos jogos, cedeu o lugar a Tonel.

O jogo começou fraco, mas um golo (fortuito), de Adrien, criou condições para a equipa se libertar da pressão, e partir para um jogo alegre, desenvolto, de ataque, por forma a conseguir vários golos que ‘tirassem a barriga de miséria’ dos 16.000 heróis que ontem se deslocaram a Alvalade!

No final, e apercebendo-me do realismo da exibição leonina, a expectativa formulada quase parece brincadeira.

Em suma, poucas jogadas com princípio, meio e fim, Zero oportunidades claras de golo, Zero defesas do guardião contrário, e a finalizar um lance polémico de Tonel, e uma bola na barra que não deu golo por acaso. Moutinho e Liedson fizeram as piores exibições de que tenho memória. Se a Liedson ajuda o ‘pormenor’ de que a equipa não leva à área a bola em condições jogáveis, de Moutinho não sei o que dizer. Já não sei se é um momento de forma horrível, se é falta de confiança, se é incapacidade física, ou se o capitão deixou Bento cair.



“O resultado é bem melhor do que a exibição. Penso que foi o pior jogo da época.
Não consigo encontrar os motivos para a forma como jogámos, isto depois das últimas boas exibições. Hoje, não tivemos qualidade, não cumprimos o estabelecido e na parte final tivemos alguma felicidade. Vou ter de conversar com os jogadores e eles têm de entender, que embora não estejam na Liga dos Campeões e sim na Liga Europa, esta competição merece o mesmo respeito e dignidade…”

Paulo Bento, em declarações na Sporttv.



Não sei o que pensar destas declarações. Concordo que terá sido o pior jogo da época, mas não consigo encontrar os jogos que justificam as últimas boas exibições. Será que PBento acredita que o Sporting já se apresentou a bom nível esta época?
Não concordo, liminarmente, com a observação do treinador que leva a crer que a exibição se deveu ao menosprezo pela competição. Por 2 razões:
- para bater a bota com a perdigota no discurso de quem manda no clube, esta Liga Europa é a nossa competição. Se não temos argumentos, desportivos e financeiros, para sermos campeões, que raios de competição querem os jogadores jogar?!?
- Num campeonato cada vez pior, e sem sequer jogarem num clube que lutará pelas primeiras posições, estes jogadores sabem, melhor que ninguém, que só na Europa se conseguirão valorizar, e quem sabe, promover uma possível transferência.

Assumir que os jogadores estiveram mal seria aceitável se fossemos na liderança do campeonato, e já estivéssemos certos na próxima fase da L.Europa. Neste cenário, parece-me música para embalar.
O que parece mais óbvio é que os jogadores começam a deixar de estar com o treinador. À excepção de Polga e Liedson, tenho dúvidas que a facção ‘Academia’ não esteja já a preparar o destino de Bento. Pelo meio tem-se perdido o jogador com mais qualidade, Matias, que continua em grande forma na sua Selecção, a encher o campo, mas que no Sporting não se adapta, está mal fisicamente, e não quer pegar no jogo. Só quem não assistiu ao Brazil-Chile pode por em dúvida a forma actual do chileno. Adiante.

JEB
Começa a ser ensurdecedor o silêncio de quem foi eleito há poucos meses para liderar este clube. Já não se percebe se JEB continua acreditar na equipa e no treinador, ou se já está a trabalhar na próxima época.
Objectivamente, os problemas do Sporting são rigorosamente os mesmos de há 1 ano atrás, com 2 agravantes – o treinador tem menos 1 ano de espaço de manobra, e o rival joga mais futebol em 90minuots que nós desde o início da época, o que acabará com a ‘desculpa’ da mediocridade – ‘eles gastam mais, e ficam sempre atrás de nós!’

Reconheço a JEB várias qualidade nas suas funções. Aliás, sinto outra dinâmica nas modalidades, e vou comprová-lo já este sábado quando pela 1ªvez na vida assistir a um jogo de Andebol do Sporting, no seu pavilhão. MAS o Sporting é, para já e erradamente, FUTEBOL!
Aquilo que mais espero de JEB é pragmatismo na gestão do futebol, e neste momento aquilo que sinto é um Presidente refém de 2 momentos extremamente infelizes - o “PB forever”, e o “Caso Robson no Sporting, comigo, jamais se repetirá”.

Se bem conheço PBento, só uma sequência assinalável de goleadas o poderá forçar a pedir a demissão. É notório e por vezes confrangedor perceber que PBento se agarra a tudo para justificar o injustificável. Os resultados da Liga têm sido normais, a eliminação da Champions foi normal, os resultados da Liga Europa são fabulosos, e lideramos cabalmente. “Ganhamos, não ganhamos?”. Pois ganhamos. E de goleada. Por 1-0 sem oportunidades de golo, para mim, é goleada!

Tem JEB a palavra.