28.3.10

Voltou o Sporting Clube de Equívocos

Jogou-se na 6ªfeira na Madeira um jogo importante para aferir da capacidade de entusiasmo e auto-motivação, e mesmo do profisisonalismo, dos jogadores do Sporting.

Não irei por em causa o profissionalismo dos jogadores, mas pelo menos a auto-motivação e o entusiasmo ficaram no continente, poupando o bilhete da viagem.

Sem Moutinho e Veloso, Carvalhal poderia ter aproveitado para oferecer o miolo ao motor da mundialista selecção chilena, e eventualmente uma ala a Pereirinha (ou porque não a Vukcevic?), mas optou por colocar a batuta nos pés de Adrien, e ‘adiantou’ o endiabrado JPereira para ala, mantendo Abel e Grimi nas alas, com o sucesso que se vem conhecendo, e que sem surpresa se manteve.
O Sporting perdeu, e perdeu bem. Poderia até ter ganho? Sim. Dominou o inicio da 2ªparte, podia ter marcado, e o fiscal de linha até deveria ter deixado Saleiro ficar isolado face a Pessanha. Mas o futebol apresentado foi tão mau, que quase apetece escrever que a jogar a feijões, e tão mal, a derrota é mais do que justa, mesmo frente a um adversário medíocre.

O dedo de Carvalhal
Ao contrário da maior parte dos adeptos, procuro não precipitar avaliações sobre treinadores nos primeiros meses em que trabalham, preferindo dar-lhe o meu apoio incondicional, esperando que o tempo me ajude a formar uma opinião mais equilibrada.
A Carvalhal dispensei o mesmo expediente, e depois deste jogo penso estar em condições de afirmar que por mim não deveria continuar ao leme para a próxima época.
Joga (ou já jogou) o Sporting melhor com Carvalhal do que fez esta época antes deste treinador chegar? Sim, sem dúvida.
É o plantel fraco, e a estrutura de suporte ao treinador deficiente? É, sem dúvidas, e nem os reforços de Inverno amenizaram essa situação.
Mas a equipa que Carvalhal apresentou na Madeira (e prefiro não reflectir sobre a viagem de Marat aos Barreiros) não lembra nem ao Diabo. Se depois destes meses cometeu tantos equívocos num jogo só, então mais vale sondar o Professor Neca…

Valorizar activos com o Mundial no horizonte
Se há algo porque lutar nestas 6 semanas é por criar condições para levar ao Mundial o maior número de jogadores possíveis.
O Sporting tem convocáveis para o Mundial Patricio, JPereira, Carriço, Tonel, PMendes, Veloso, Moutinho, Matias, Liedson e Saleiro. Chega a ser abusivo pensar que se poderiam levar 10 jogadores aoMundial, mas até podia acontecer, embora seja praticamente impossível.
O que faz Carvalhal a esta gestão de activos nos últimos 3 meses?
- JP perde o lugar para o estratosférico Abel;
- Veloso joga sempre a médio, onde menos falta faz à selecção;
- Matias não joga em sistema nenhum;
- Saleiro joga a espaços.

Pelo que se pode ver Carvalhal tem 3 apostas claras para o Mundial: Grimi, Abel e Yannick.

Outra curiosidade que fica por debater é a objectividade das contratações de Janeiro – JP não conseguiu roubar o lugar ao arrastado Abel, Pongolle nem ritmo de jogo consegue ganhar. Para aumentar os equívocos, do Verão Matias continua sem ser aposta, e Caicedo até já rumou ao país vizinho.

Ainda há quem ache que o problema do Sporting passa por falta de dinheiro e atrasos nas reestruturações financeiras?


Marat e os media
O caso de Marat Izmailov, objectivamente empolado por uma imprensa que brinca com o Sporting de forma repetida e continuada, ainda não chegou ao fim.
Embora ainda esteja para perceber qual a real diferença entre jogar com analgésicos para dores insuportáveis, e jogar infiltrado, o russo foi infeliz na entrevista dada na Rússia, perdendo boa parte da razão que poderia ter ao considerar que Costinha extravazou o seu descontentamento com a situação para lá do aconselhável.
Pelo meio sobra Paulo Barbosa, que comigo não teria jogadores em Alvalade.
No final Marat acabará por ser vendido, pela certa abaixo do preço que poderia valer, e ‘no pasa nada’, ficando mais uma vez o Sporting prejudicado.
E o tratamento aos media mantém-se. Lamentável.

21.3.10

Izmailov vs SportingCP

É difícil dissociar a eliminação do Sporting na Liga Europa sem escrever sobre Marat Izmailov, e sobre a sua não presença na equipa, nomeadamente no 11 inicial.

Injusto seria, no entanto, atribuir a culpa da eliminação ao simples facto de o russo não ter jogado, ainda para mais quando o jogador foi dos menos fulgurantes quer em Madrid, quer frente ao Vitória.

O que a seguir escrevo é completamente ausente de um gosto especial por qualquer das partes, pois se há algo que estes 32 anos de sportinguismo me ensinaram é que não há nada nem ninguém mais importante que o clube, e que o tempo dos Manuel Fernandes e do amor à camisola não é mais do que uma agradável saudade.
Tenho a opinião de que Marat Izmailov é dos melhores jogadores que compõem o actual plantel do Sporting. Para mais, goza da quase inexistência de jogadores com as suas características, e capazes de desempenhar as mesmas funções que ele, o que o torna num quase indiscutível, mesmo padecendo consecutivamente de lesões, quase desde que chegou ao clube.
Sobre Costinha quase não tenho opinião. Sei e já sabia, porque nunca foi segredo, que Costinha era sportinguista de pequeno. A sua postura no Porto só o engrandece, pois foi sempre um grande profissional, tal como aconteceu na selecção portuguesa, onde chegou como um perfeito desconhecido numa equipa de estrelas. Se será ou não um bom director desportivo, só o futuro o dirá.

A situação ocorrida no dia de jogo decisivo é difícil de analisar. Marat não se sentiria confiante (segundo o que foi dito, e nunca contrariado!) e recusou jogar (aventou-se a hipótese de jogar infiltrado, algo que foi peremptoriamente refutado pelo Dep. Médico, e que Marat não pôs em causa). Colocou, respeitosamente, os seus interesses acima dos do Sporting. Não condeno, embora considere que tal decisão deve pesar em futuras opções, e fazer os responsáveis decidir se um jogador com estas características deve ou não estar no clube.
Costinha terá reunido todas as partes e optou por retirar o jogador da convocatória (o que vai de encontro ao pedido do jogador). Este, indelicadamente e em opção inversa por exemplo à de Carriço, terá apressadamente saído da concentração na Academia, e nunca mais voltou.

Paulo Barbosa, para não variar
Do dia do jogo para cá, Marat já terá faltado a pelo menos 2 presenças em Alcochete, tendo o seu empresário tentado justificar uma delas.
Costinha, e bem, voltou a falar e objectivamente disse não perceber porque razão o russo não atendia sequer o telemóvel.
O empresário, numa postura claramente conivente, nada disse sobre a localização do jogador, ou sobre alguma justificação para a situação, defendendo-se apenas de que o jogador não se sentia confiante para jogar.

O futuro
No cenário actual, parece óbvio que o caminho de Marat em Alvalade chegou ao fim. Por outro lado, Costinha, para o bem ou para o mal, terá tomado a mão no balneário, e parece reunir condições (até pelo discurso) para cortar a direito nos problemas que têm assolado a equipa, já antes da chegada de Carvalhal. Os bufos, os amuados, os meninos mimados poderão ter os dias contados.

Costinha em tarefa hercúlea
O ‘Ministro’ não terá tarefa fácil, e mesmo tendo pulso firme, dificilmente consigirá no actual cenário económico/desportivo do clube inverter a tendência de autodestruição em que nos encontramos.
Se prestarmos atenção, facilmente constataremos que o plantel possui uma dúzia de jogadores que não fazem falta nenhuma (e alguns deles a ganhar demasiado), e que nos desportivamente mais valiosos residem os principais problemas disciplinares.
A excepção abriu-se com Moutinho. Por decisão directa de PBento nada aconteceu ao jogador, com a agravante de este ser o capitão.
Pouco tempo depois, e até aos dias que correm, a cada novo período de transferências, Veloso faz questão de mostrar que está a prazo no clube, e que almeja novos desafios. O que faz o clube? Nada.
Stoijkovic e Vukcevic são outros 2 exemplos. O GR foi desperdiçado, e o extremo joga sempre sobre brasas e mostra-se incapaz de voltar ao redimento que já teve, sendo continuadamente acusado de ser o principal bufo do balneário.
Liedson ganhou o duelo ao anterior director, e ‘no paso nada’ disciplinarmente ao avançado que até marcou dias depois para a Taça da Liga.
Marat, até esta altura considerado dos mais profissionais no clube afinal também fez das suas.

A questão que se coloca é – ‘Que jogadores servirão para começar 2010/11?’. Costinha, e o novo treinador terão a palavra.

Madrid, uma oportunidade perdida

Analisando a equipa nos 2 jogos pode concluir-se que este Atlético era demasiado acessível para o Sporting se dar ao luxo de não o eliminar, ainda para mais numa altura da época em que já quase só jogava para esta competição.

O Atlético tem individualides muito acima das nossas (Kun é só o maior dos exemplos), mas falta-lhe uma equipa e alguém capaz de ser o seu patrão. Torna-se acessível para qualquer adversário.

Já nós jogámos como uma equipa em Madrid, mas sofremos dos desvarios individuais (1º de Grimi, infantil, depois do árbitro que viu demais em Tonel), e em Alvalade fomos dinamitados na confiança por um jogador que merece muito mais que uma pobre equipa, um tal de Aguero. Mesmo assim, e depois do 2-2 faltou-nos, mais do que garra ou empenho, pernas e discernimento, de mão dada com a habitual falta de qualidade de vários elementos.

Caneira e Pedro Silva
Foram opções de recurso, e foram talvez até dos piores (por lá andaram os golos…) mas pouco mais se lhes poderia pedir – Silva é 3ªopção para a ala direita e jogou à esquerda, e Caneira fez o 1º jogo como central em muitissimas semanas, talvez demais.

Carvalhal
Teve o mérito indiscutível de pôr a equipa a jogar outro futebol (fazer pior em termos exibicionais do que o seu entecessor seria difícil!) mas estagnou num momento em que devia defender a equipa e não compactuar com os interesses instalados. A saída de Sá Pinto determinou o fim do poder de escolha de Carvalhal, e a colocação de Silva na esquerda mantendo Veloso ao meio e Matias como eterno suplente, mostra bem as debilidades de decisão por que o treinador passa. E é pena, porque Carvalhal, não sendo o Special Two, não parece mau treinador…