12.12.09


Zero grãos no papo da galinha
De volta a Alvalade, regressou o mau futebol e os maus resultados. Carvalhal defendeu uma recuperação lenta e gradual da equipa, mas o futebol continua miserabilista, e os piores defeitos da era-PB continuam todos, sem excepção, lá, jogadores incluídos.

45 minutos cheios de nada
Tal como era apanágio na era PB, um dos principais problemas desta equipa prendia-se com a mentalidade competitiva com que a equipa entrava em campo. Braga, Nacional, Olhanense, Paços, Porto, etc foram alguns dos exemplos de um Sporting que teimava em dar 45 minutos de avanço ao adversário, a maior parte das vezes tornando essa postura decisiva no resultado final.
Hoje, como dantes, jogamos ZERO em 45 minutos (nem sequer um remate!), muito por força do conservadorismo nas laterais, e da inabilidade táctica do miolo do meio-campo, onde 3 ‘organizadores’ de jogo se atropelam, e Matias deixa de receber a bola.
Pelo meio, num canto na esquerda, marcado com o pé direito, para a zona central da área, 7 jogadores do Sporting NÃO saltaram, e permitiram que Vinicius se antecipasse ao temeroso Patrício.
Durante os primeiros 45 minutos, Carvalhal foi incapaz de dar um abanão na equipa.

2parte, passamos a jogar com 10, depois de 45min com 8
No regresso do intervalo, Veloso deriva para a esquerda, entrando Adrien para varrer o miolo, e Pereirinha substitui Matias, para Vukcevic poder ‘aconchegar’ Liedson.
Depois de jogar 45 minutos com 8 (Abel, Caneira e Veloso nada fizeram…) Carvalhal optou por manter Abel e consequentemente apenas 10 homens para a 2parte.
Não me vou alongar sobre a comparação de Veloso no miolo, ou a defesa esquerdo, porque as evidências são gigantescas. A ver vamos se Carvalhal volta a bater no ceguinho na Figueira.
A saída de Matias, embora natural e já muitas vezes vista, revela bem a panelinha que PB deixou no balneário, e a vida difícil que Matias terá em Alvalade, enquanto Abel, Caneira, Polga, Veloso, Moutinho e Liedson tiverem lugar cativo, e continuarem a jogar como e onde querem.

Assalto final com Postiga no lugar de… Vukcevic!
Quando Abel estava à largos minutos a dar o berro, e pouco mais fazia do que atropelar o desinspirado Pereirinha na ala direita, Carvalhal joga a última cartada de forma temerosa. Postiga entrou para o mesmo dos últimos jogos, e Abel continuou a atrapalhar,
Na 2 parte o Leiria esteve meia hora a atacar com o ‘veloz’ Silas, e o Sporting manteve mesmo assim 3 defesas, mais Adrien como pivot, dando a possibilidade de o adversário defender sempre em superioridade numérica.
Para juntar a isto, Pereirinha falhou isolado o empate, e Liedson desperdiçou 3 lances claros de golo.

Forças desperdiçadas
O Sporting passou 45 minutos a passo e sem pressas. Na 2 parte, a cada queda de um adversário, a equipa e o seu treinador insurgiam-se veemente contra o árbitro. Para quando usar as forças para jogar 90 minutos de futebol?

De mal com a vida
Carlos Carvalhal está há poucas semanas no comando do clube, e terá naturalmente uma época inteira para melhorar este plantel e este miserável futebol que a equipa pratica. Mas se pensar um pouco perceberá o insucesso que a postura de vitimização do treinador anterior, e constatará que os sportinguistas não querem um treinador de mal com a vida, consecutivamente a reclamar de tudo e de todos, e a queixar-se de tudo menos dele!

Má arbitragem
Vasco Santos começou por evitar uma falta de André Santos sobre Matias, adoptando critério largo (ao contrário do habitual nos jogos dos rivais…), mas o Leiria marca um golo regular que é anulado, e ainda foi perdoada uma expulsão a Adrien, após uma dura entrada às pernas de Silas, em contra-ataque perigoso.



Bom fim na deslocação a Setúbal
Na 2ª feira passada o Sporting voltou a mostrar a tendência para vencer os últimos classificados desta Liga Sagres, e tal como já tinha acontecido em Coimbra, voltou a vencer, e outra vez por 2-0. Outro denominador comum foi Liedson, que em Coimbra tinha aberto o marcador após jogada inteligente de Vukcevic, e no Bonfim aproveitou o ‘melhor passe do ano’, da autoria de Matias, para fuzilar Nuno Santos.
A equipa vai apresentando melhorias, embora poucas, mas dominou todo o jogo a seu bel-prazer, e podia até ter sentenciado o jogo bem antes da rábula da época – uma bola meio metro para lá da linha de fundo passou despercebida a todos (!?!) e acabou de bandeja nos pés do Levezinho, que só teve de encostar. Anedótico.

O físico
Está definitivamente encontrado outro problema sério do Sporting – a vertente física está miserável, e os jogadores arrastam-se pelo terreno desde muito cedo.
Só assim se percebe que Izmailov, mesmo com falta de ritmo, já seja indiscutível, e que outros jogadores, outrora rápidos e desenvoltos pareçam peças estáticas e inúteis.

Pereira pequenino
Na época passada começou a despontar em Alvalade um ala direito com belíssimos pormenores – Pereirinha.
O jovem já tinha feito um golo memorável na antiga Taça Uefa, mas seria num derby de boa memória que, após sprint de 30metros, sentou David Luiz, e colocou a bola redondinha na cabeça de Liedson, que matou o jogo.
O Pereirinha deste ano realiza exibições de encher o olho nos sub-21 (como lateral direito no Algarve foi o melhor em campo do Portugal-Grécia) e no Sporting mais parece um morto-vivo, perdido no novo sistema. Para quando a aposta em Pereirinha para lateral, com a missão de fazer todo o corredor e permitir a Vuk apoiar Liedson, em desfavor de Abel ou PSilva que pura e simplesmente não passam do meio-campo?

O Miguel e o Veloso
Em mais uma fase de esquizofrenia futebolística, Miguel Veloso alterna exibições muito positivas, com outras que mais parecem um frete. No derby, já em funções de interior/ala esquerdo, Veloso apresentou-se dinâmico, empreendedor, capaz de ajudar no miolo, e de rematar amiúde. Frente ao Herenveen, e agora em Setúbal só não terá sido o pior em campo porque Carvalhal repetiu os laterais, mas chega a meter dó ver Veloso jogar parado e passar sempre a bola para o lado e para trás.
Sem fazer um drible, e sem ter velocidade, o que se pode esperar de Veloso nesta posição? Para quando a aposta em Veloso para lateral, com a missão de fazer todo o corredor e permitir a Izmailov apoiar Liedson, em desfavor de da estátua Caneira que pura e simplesmente não passou do meio-campo, nem com o Setúbal reduzido a 10?

Mexer (nos laterais)
Está não-oficialmente aberta a ‘reabertura’ de mercado. O Sporting irá, ao que tudo indica, apostar num moçambicano de nome Mexer, que é central de origem, mas que joga como 6 na sua selecção. Jovem, mas experiente, polivalente e essencialmente barato, Mexer virá certamente permitir que o Sporting tenha uma opção diferente para a posição mais recuada do meio-campo. Concordo que o 6 não deve ser Adrien (que deverá ser alternativa a Moutinho como 8…) mas penso que a equipa ganharia mais com Carriço nessa posição e na compra de um central alto e possante que melhorasse o péssimo jogo aéreo, defensivo e ofensivo, que a equipa ainda apresenta (embora parece estar a melhor!).
Mesmo assim penso que as maiores lacunas continuam a ser ambas as laterais (embora acredite nas apostas Pereirinha e Veloso) e é urgente reforçá-las (no Bonfim, em 25 minutos de superioridade numérica, nenhum dos centrais chegou uma única vez à área contrária...).

Pai Natal
Dos presentinhos que JEB vai prometendo, volto a repetir vários nomes, baratos e não-baratos, que facilmente encaixariam no plantel leonino – Desmarets, João Pereira, Moisés, Sereno, Diego Ângelo, Nuno Assis, Danny e Ruben Micael. Alguns seriam polémicos, mas não tenho dúvidas de que poderiam se rmuito úteis, E já estão todos mais do que adaptados ao nosso campeonato.




6.12.09

Apuramento sem mácula

Foi com uma exibição muito pobre, com uma 1ª parte péssima e uma 2ª parte pouco mais do que esforçada que o nosso clube conseguiu um apuramento, para já imaculado, na Liga Europa, e que garante desde já o 1º lugar no grupo, e o evitar de alguns adversários incómodos, dos quais se destaca evidentemente o L’pool.

Como se a má exibição não bastasse, e as opções de Carvalhal se mostrassem desajustadas (Matias não rendeu na direita, Postiga não parece render em lado nenhum, e Veloso perdeu-se em quedas e queixinhas… para não referir os péssimos laterais…), as declarações de Liedson vieram entreter os media nos dias que se seguiram ao apuramento, e trouxeram à baila a influência do ‘brasileiro’, pretensamente um dos mais acérrimos pró-PB, com tudo o que isso implica.


Declarações Levezinhas

O 31 declarou no final do jogo que é difícil jogar sozinho, e que o seu caso não é excepção. Pior que isso, deu a entender que talvez seja boa ideia parar (?!?) por umas semanas, dando lugar a outros. Se o entrevistador fosse esperto, talvez até Liedson dissesse que agora que não é extra-comunitário e já joga na selecção, o esquema táctico do Sevilha lhe agrada mais do que este 4-2-3-1 de CC.
Não me preocupam as declarações do Levezinho, ou pelo menos não me preocupam tanto como me preocupa a pouca capacidade da equipa em chegar ao ataque, muito por culpa dos péssimos laterais, e de erros de casting nas alas ofensivas, que nem fazem a diferença nas alas, nem conseguem acompanhar o melhor avançado-centro – esse mesmo, Liedson.

4-2-3-1, a receita do Special Two

Concordo plenamente com o actual sistema táctico, e penso que terá tudo para ter sucesso, quando for interpretado pelos melhores, e provavelmente por alguns reforços de Janeiro.
No momento, Carvalhal estará a trocar a fiabilidade pela criação de rotinas. E acredito que quem não se ajustar terá os dias contados.
Neste ponto, a questão específica dos laterais é imperiosa, e aqui começam os problemas para Liedson, e uma crítica simplista a Carvalhal. Pedro Silva está gordo, lento e desajustado a defender. Abel não compromete tanto a defender, mas ataca muito pouco. Ora se neste esquema os laterais tem que ser ofensivos, e chegar à linha de fundo, o que espera Carvalhal para lançar Pereirinha de vez, na única posição em que poderá um dia ser um jogador de nível europeu? Na esquerda o problema não é menor – Grimi e Marques são fracos, e Caneira é um contra-senso no sistema táctico, dadas as suas características. A solução passa, pelo menos para já por Veloso.
Para o miolo do terreno, Carvalhal já mostrou Adrien e Moutinho como preferenciais, e Matias como 10. As alternativas praticamente não existem, mesmo que Rabiu possa, a curto prazo ser alternativa, provavelmente a Matias.
Para os 3 da frente, assumindo Liedson no miolo, há 2 escolhas óbvias – Izmailov e Vukcevic. É certo que Carvalhal ainda não teve os 2 disponíveis em simultâneo, e no derby Veloso nem se saiu mal, mas no plantel apenas Yannick (também lesionado) e Caicedo me parecem com capacidade de alternar com os 2 alas de leste.

A importância de Janeiro

Dos parágrafos anteriores conclui-se facilmente que o plantel precisa de um LD, um LE, um trinco duro que varra o miolo, um médio centro, e um ala que preferencialmente jogue em ambas as alas. A disponibilidade de Pereirinha e Veloso poderá permitir um central com outras características que não existam no plantel, mas a tarefa de Carvalhal, ainda para mais com as conhecidas debilidades financeiras, será difícil, e até Janeiro, o caminho será penoso!


1.12.09

Jogou-se no passado sábado um importante derby, que acabou com um nulo desolador, mas em que foi possível testemunhar a retoma do caminho do sucesso da nossa equipa, agora comandada por Carlos Carvalhal – o Special Two.

Não era fácil a tarefa do Sporting, goleado durante toda a semana por uma imprensa capaz de devorar por um resultado histórico, e pelos adeptos do adversário, capazes de apostar a própria mãe na vitória do seu clube. Afinal de contas, até Paulo Bento garantiu, uma semana antes que o plantel do Sporting era limitadíssimo, e que Porto e Benfica gozavam de outras regalias que jamais ele próprio dispôs, e garantiu inclusive que Sá Pinto lhe era persona non grata, deixando no ar a ideia de que o antigo capitão leonino sempre esteve empenhado em criar condições para que PB abandonasse.

Antes do derby, a dúvida pairava entre muitos golos, ou muitos muitos golos, quiçá até mais do que 7, de forma a atirar para trás das costas o inesquecível trauma de Dezembro de 1986 que persiste na memória de todos.

Enganou-se a imprensa, os adeptos vermelhos, e Jorge Jesus, o mestre da táctica, que entrou de peito feito, e saiu sem grande alarido, gritando a vivos pulmões que o adversário se estava a despedir do título, mas que até tinha conseguido um bom resultado, dado o estado do relvado, e a classificação geral (!?!?).

No que nos diz respeito, Carvalhal começou a demonstrar porque foi escolhido para o comando técnico. Prometeu garra e empenho, uma EQUIPA, 11 leões. E cumpriu. Não deve estar a ser fácil reencorajar um plantel dizimado moralmente por tudo o que disse nas ultimas semanas, mas a equipa parecia outra, e já é notório que com poucas mas acertadas mudanças, o futebol é outro.

Continuam a faltar laterais capazes de oferecer fluidez ofensiva ao sistema (que poderão, noutros jogos mais acessíveis virem a ser Veloso e Pereirinha), Adrien não tem naturalmente ritmo de jogo para um derby onde teve pela frente Aimar e Ramires, e faltam rotinas ofensivas, que aparecerão com o tempo. Polga parece estar de volta, e Izmailov não tardará. Com vitórias e golos, teremos tudo para recuperar na tabela classificativa e quem sabe lutar por um lugar cimeiro. Ainda há a Taça de Portugal, a da Liga e porque não ser ousado e dizer que podemos chegar longe na Liga Europa?

Um último reparo para a integração de Rabiu Ibrahim no plantel sénior. Apenas vi o jogador em acção no Mundial de sub-17 (onde esteve em particular destaque, jogando e fazendo jogar a selecção campeã do Mundo) e há umas semanas no Mundial sub-20 (onde não foi habitualmente 1ªopção mas marcou na única vez que jogou como titular). O jogador parece ter muito potencial, é muito experiente, pois sempre jogou com frequência em escalões acima da sua idade, e é uma alternativa a Matias, que não existe no plantel. Só não se percebe porque demorou tanto esta oportunidade para vingar!