2.8.09

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Joaquim Evangelista ou o desespero pelo mediatismo


O presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais (SJPF) referiu na semana passada que é contra a utilização de Liedson por parte do (ainda) seleccionador nacional, Carlos Queiroz.
Segundo palavras do próprio:

"é grande o perigo que representa para o futuro a naturalização do avançado do Sporting…”

"…esta naturalização terá como consequências a descaracterização dos clubes e a perda da identidade das selecções nacionais"

"…a pré-época revela que a tendência de aposta maciça de jogadores estrangeiros é para se agravar…"

"…há cada vez menos atletas portugueses que jogarão futebol, por não terem possibilidade de progredir na sua carreira…"

"…Somos confrontados com o desemprego e, consequentemente, com a emigração do jogador português para países onde os problemas são ainda maiores. Temos de inverter esta tendência e dar oportunidade ao jogador português, no sentido de os promover efectivamente…"


Embora o futebol português já se vá habituando às idiotices (e por vezes estupidez bacoca…) do presidente do SJFP, a verdade é que o Sporting, na voz do seu Presidente, deveria ter respondido a este senhor de forma a colocá-lo no seu lugar, de subserviência clara para quem lhe convém.

Em 2003 discutiu-se pela 1ªvez a utilização de um jogador naturalizado na selecção portuguesa de futebol – Deco. Até aí, apenas jogadores nascidos noutros países, mas com carreiras no futebol feitas todas no nosso país haviam sido utilizados (Dimas ou Petit, p.e.) ea celeuma foi enorme. A qualidade do jogador era e é inegável, mas para muitos o clubismo sobrepôs-se à racionalidade. Uns utilizaram o argumento do nacionalismo, outros o de que a situação só serviria para o Porto vender o jogador.

Na altura perdeu-se um óptimo motivo para discutir o essencial – deverá um cidadão estrangeiro garantir os mesmos direitos de nacionalidade portuguesa, 5 anos após trabalho continuado em Portugal?

A questão para Scolari na altura, como agora para Queiroz, é simples – o seleccionador deve convocar os melhores jogadores portugueses para a selecção, e Liedson é tão português como Deco, Pepe ou eu próprio, à luz da nossa Constituição.

Posto isto fica a ressalva de que Joaquim Evangelista prefere na selecção Hugo Almeida, Orlando Sá e Edinho. Eu prefiro Liedson. E prefiro Pepe a Miguel Vítor. E Deco a Tiago ou Carlos Martins.

Quanto à utilização de jogadores portugueses no campeonato português, também partilho da mesma opinião que Joaquim Evangelista (!?!!) e fico triste ao perceber que há equipas de algum renome que conseguem jogar de início com 11 estrangeiros, mesmo quando têm capacidade para comprar todo e qualquer jogador português – mas com esses Evangelista não se mete, não se percebe muito bem porquê.


Nota: o argumento de Evangelista é tão desorientado que o próprio não consegue perceber que ser português, jogar em Portugal e ter a oportunidade de ‘progredir na carreira’ está longe de ser garante da selecção – Nuno Gomes e Hélder Postiga que o digam.


2 comentários:

Relva disse...

Será só protagonismo? quantos apoiam estrangeiros na seleção, poucos, acredito, agora o precedente não foi aberto pelo liedson. saudações

RDS disse...

Caro Relva, em momento algum questionei a vontade de muitos, ou poucos, quererem estrangeiros na selecção.

A questão é mais simples, uma vez que o regulamento não permite estrangeiros na selecção, mas sim naturalizados.

Liedson é naturalizado (ou será em breve) e por isso a questão é saber se o seleccionador vai convocar os melhores jogadores, independentemente de onde eles nasceram, ou se limitará as suas escolhas a jogadores nascidos em Portugal, excluindo por exemplo Djálo ou Adrien... :)

Ou então que tenham coragem de dizer que uma naturalização em 5 anos é patética, porque ninguém fica a ser português em 5 anos... E tudo se resolve... :)