
O título deste post poderia eventualmente ser diferente. Em condições normais, três palavras chegariam para etiquetar a personagem principal da soirée de ontem, no Dragão. Mas dada a reconhecida importância de Inês Simões, o epíteto de corno tornou-se essencial. Por uma questão de espaço, ‘ressabiado’ foi eliminado do título.
O que menos gosto de fazer em futebol é justificar uma derrota do meu clube com uma arbitragem – mesmo quando ela é notoriamente mal intencionada, antecipada e minuciosamente preparada. E nem desta vez vou fazê-lo, porque penso sinceramente, que o principal culpado foi o Sporting, no seu todo.
Porque Duarte Gomes não merece muitas palavras, deixo em jeito de síntese, os detalhes mais importantes do seu trabalho:
- inexistência de falta sobre Hulk no livre que dá o golo portista
- inexistência de falta no lance que dá o 1º amarelo a Veloso
- inexistência de razão no 1º amarelo de Polga, a aferir pelo critério de todo o jogo
- Hulk tropeça em si próprio, e o auxiliar (!?!), a 30 metros, indica falta, e consequente amarelo a Abel
- ainda antes do final da 1ª parte, Meireles vê ser-lhe perdoado o 2º amarelo por falta dura e por detrás, sobre Abel
- falta, penalty e amarelo correctamente assinalados em lance Polga/Hulk
- inexistência de falta no lance que dá o 2º amarelo a Veloso
Ao contrário de muitas opiniões que ouvi e li, não sou da opinião de que o Sporting perdeu o jogo por culpa de Duarte Gomes. Aliás, dificilmente um simples cobarde tem a importância de tal aspecto, e a exibição de ontem do Sporting mostrou bem que, mesmo com Duarte Gomes de apito, era possível ter vencido.
O Sporting
Os problemas evidenciados pelo Sporting foram muito semelhantes aos que têm sido observáveis nas últimas semanas – laterais muito pobres e limitados, um central em péssima

No capítulo defensivo, e depois do exemplo de Braga, onde se percebeu o que vale este Porto sem Rodriguez e com Hulk bem vigiado, é estranho que Hulk tenha estado tão solto, pelo menos enquanto se jogou de 11 para 11.
Mas também foram evidentes algumas melhorias, nomeadamente na 1ªparte, em especial no plano ofensivo, onde Vukcevic à direita mostrou outra alma, e muito acrescentou ao ataque do da equipa.
No capítulo das (já óbvias) substituições, foi infeliz a troca ao intervalo de Grimi, colocando na sua posição um Veloso lento e já amarelado, que obviamente foi incapaz de travar o poderoso Hulk. Pereirinha deveria ter sido gasto para dar outra alma ao lado direito da defesa, e a saída de Matias só enfatiza a opção pelo jogo directo, já de si exagerado quando o médio chileno está em campo.
No final, é de realçar a capacidade física dos leões, num jogo que equilibraram sempre, mesmo com largos minutos em desvantagem numérica, e utilizando 2 elementos (Grimi e Pereirinha) que vinham de lesões e de larga paragem.
O melhor
Rui Patricío foi obviamente o melhor em campo por parte dos leões. Sem culpas no golo, e com um punhado de boas defesa, onde se destaca um penalty em que tem muito mérito, o jovem GR do Sporting esteve bem melhor do que o habitual, e quem sabe, deu ontem passo firme no caminho da sua afirmação.
Para reflectir
Voltando ao essencial, realço que o Sporting perdeu este jogo muito antes do minuto 2, quando Falcão ganhou o lance a Polga.
Esta vitória, e consequente afastamento do Sporting do título (núa e crua, parece exagerada esta conclusão, mas é a mais óbvia das verdades, e o futuro apenas a confirmará…) começou na reacção da Direcção do Sporting aos acontecimentos ocorridos em Junho na Academia de Alcochete, prolongou-se pela aceitação da arbitragem (e critérios utilizados!) do jogo contra o Braga, pela reacção ao (não)castigo de Duarte Gomes, e mais recentemente pela (não)reacção à nomeação de Duarte Gomes para o clássico.
Ao nos colocarmos como o clube da não-reacção, colocámo-nos à mercê da chacota de uns quantos senhores que continuam a envergonhar o futebol português.
O penúltimo parágrafo vai para Vítor Pereira. Embora a cobardia seja sempre reprovável, é de louvar a capacidade que este dirigente teve em perceber rapidamente como se movimentar. O teste de fogo foi a final da Taça da Liga da época transacta, e depois da reacção do Sporting (ou melhor, da reacção de Paulo Bento e Pedro Silva), foi fácil concluir com quem se pode brincar!
O último parágrafo vai, naturalmente, para José Eduardo Bettencourt. Não votei nas eleições porque moro a 400km de Lisboa, mas apoiei-o sem dúvidas. Embora menos, ainda hoje acredito que possa mudar o clima instalado de ingenuidade que tem minado o nosso clube desde os tempos de João Rocha, e que apenas Luis Duque soube travar.
Caro JEB, de 22 anos de associado, e de uma vida de amor pelo Sporting, peço-lhe encarecidamente que não nos deixe continuar a ser o alvo de chacota do poder instalado e do clientelismo no futebol português.
