.
SportingCP 1-0 Young Boys
Saleiro (27)Começou a rolar a bola mais a sério na nova época desportiva. Depois de 3 jogos à porta fechada na Academia, o estágio na Suiça teve o seu 1º jogo (também o 1º televisionado) e saldou-se com uma a vitória justa e tangencial da melhor equipa, embora sem deslumbramentos ou tão pouco grandes certezas no futuro.
Plantel demasiado incompleto
Salta à vista de qualquer adepto que este Sporting (versão 2010/11 de Paulo Sérgio) está ainda manifestamente longe de estar definido, e por consequência, o plantel está ainda deficitário e pouco fiável.
A primeira ideia que se ressalva é a de que PS vai fazer poucas substituições durante os jogos de preparação, provavelmente para habituar o mais rapidamente os jogadores a 90 minutos. Embora esta opção possa diminuir a capacidade da equipa nas partes finais destes aprontos, espera-se que traga frutos a médio prazo, quando os jogos forem a doer.
Mesmo assim, não serão mais de 4 ou 5 os que jogaram neste encontro e possam vir a jogar como habituais titulares (na baliza a escolha será concerteza outra, a defesa não será muito diferente desta à excepção de Polga, o miolo contará muitas vezes com Maniche e Santos, mas no resto, e porque Yannick deve estar de saída, vimos apenas segundas opções). Sem perder muito tempo, basta referir que Patrício, Torsiglieri, Mendes, Matias, Marat, Valdez e Liedson não actuaram, e a estes ainda se acrescentarão os reforços que mais tarde chegarão.
Bons apontamentos e novos princípios de jogoPPS avisou, e a equipa está a dar mostras de querer chegar lá – a pressão alta, e consequente recuperação de bola no meio-campo adversário parece vir a ser uma das prioridades. Mas no 4-4-2 clássico que PS apresentou, os 2 alas pouco ou nada contribuíram para tal, e a dupla da frente muito cedo deixou de ter pernas para tal objectivo. Restou um miolo esforça

do (a que se juntaria mais tarde NACoelho) e 2 laterais a mostrarem já grande disponibilidade.
Quem deu mais e menos nas vistas foram os alas (ou extremos) – Yannick mostrou outro patamar de velocidade, que lhe permitiu os melhores desequilíbrios, e a assistência para o golo, o jovem Salomão, embora com bons pormenores parece ainda verde, e pouco à vontade com tamanho salto qualitativo na carreira.
Para mim, quem me encheu as medidas foram os laterais, bem a atacar e a defender, que será a grande diferença qualitativa desta equipa em relação ao início da temporada passada – Evaldo será reforço cirúrgico, e João Pereira poderá definitivamente explodir, e vir a ser opção inclusive na selecção nacional, órfã de Bosingwa.
Tacticamente disparatando Tenho dúvidas em aceitar que o 4-4-2 clássico seja a solução para o Sporting, em especial jogando com 2 extremos tão ‘extremos’, sem capacidade de jogar por dentro, ajudar na pressão e incapazes de defender. Mais – neste sistema onde encaixará Matias? Na frente ao lado do provável Liedson, preso de movimentos? No duplo pivot defensivo, agarrado a tarefas defensivas, tentando ser um box-to-box?
O 4-3-3 dos últimos minutos, mais à medida de Maniche e Matias, também não me convence por aí além, uma vez que é já notório que Liedson precisa de jogar na frente com companhia.

Estou em crer que a opção de PS passará por um sistema híbrido que misturará de alguma forma estas duas vertentes tácticas, assente na preponderância dos defesas laterais, e na chegada de um ala desequilibrador (Drenthe, Valdez?!?), capaz de encarar sempre o defesa, ir à linha e cruzar, privilegiando o jogo aéreo do avançado-centro.
Será isso possível no momento? Na minha opinião, ainda não. Até porque Yannick é o único realmente capaz de desequilibrar na linha, mas é muito limitado no passe e no cruzamento, e teria que o fazer do lado direito, obrigando Evaldo a ter que fazer toda a ala esquerda, quando penso que o modelo assentará precisamente no contrário. Passo a explicar:
O 4-4-2 desequilibradoO 4 defensivo será formado por JP, Carriço, Evaldo e outro central, tenho poucas dúvidas. Aproveitando as características dos jogadores, Evaldo será sempre mais comedido ofensivamente que JP, e por isso o 4 de meio campo deverá ser formado por um trinco mais estático (Mendes), um 10 organizador de jogo (preferencialmente Matias), um 8 que descaia para a direita, mas que dê a linha a JPereira (Maniche, ASantos, Valdez?) e um ala esquerdo de linha (oxalá Drenthe, no futuro eventualmente Salomão). Este esquema permitiria ao Sporting utilizar 2 avançados mais móveis (p.e. Liedson e Pongolle/Vukcevic), ou 1 avançado mais posicional e outro solto (aqui Saleiro poderia ser mais estático e todos os outros candidatos a avançado móvel incluindo Postiga).
Para este formato, que de acordo com as peças na posição 7, 8 e 9, poderia ser mais ou menos ofensivo, faltará sempre reforçar o plantel actual com pelo menos um ala esquerdo de valor inquestionável, mais um jogador para o miolo (se não ficar Veloso!), e objectivamente um avançado de área, capaz de jogar de cabeça (coisa que Saleiro não sabe), possante e essencialmente finalizador (Velasquez, Boghossian?). Sem estes ajustes no plantel, não será possível implementar este 4-4-2, que gosaria de ver praticar um futebol de ataque, sempre para ganhar, que levasse gente aos estádios e revitalizasse o nosso Clube!
De saída Os jornais dão como quase certa a saída de Veloso (para Madrid ou Itália) e Yannick (para um clube médio inglês). Já aqui o escrevi que não sou especial fã de nenhum dos 2. Considero

inequívoca a predestinação e qualidades naturais de ambos, mas enquadro-os no típico ‘jogador estrela’ que se auto-satisfaz muito cedo, se considera melhor que os colegas, acima do conjunto, e passa a vida entre possíveis saídas para colossos europeus. Já tivemos vários exemplos destes e continuaremos a ter enquanto não ‘dermos o exemplo’ devido nestes casos.
Mais do que os potenciais valores envolvidos nas transferências (não me parece que Yannick valho 8M€, e muito menos Veloso valerá 18M€…), é curioso perceber que serão mais 2 apostas da panela de PBento que abandonarão Alvalade, possibilitando quiçá que PS não se transforme noutro Carvalhal. Assim seja.
Ciclismo de regresso? Que me perdoem a graçola, mas o nosso equipamento principal faz-me lembrar um equipamento de ciclismo (será ainda pior quando o calção for o preto…). Ao contrário do habitual, o alternativo, que ainda não vi ao vivo, parece-me agradável – é determinante o leão a sombreado no ombro direito, à imagem do que a Puma fez com as suas selecções no Mundial 2010.
Graças a Deus PS pode até não vir a singrar (a tarefa será tudo menos fácil…), mas saúdo-lhe a transparência no discurso, e o arrojo de não fugir às perguntas – o exemplo do que disse de Vukcevic (77?!?), e a forma simples como esclareceu que sobra magia e falta trabalho à cantera, espelha bem que estamos perante uma lufada de ar fresco na ‘linguísticagem do futebol’. Que não mude, mesmo se os resultados escassearem.